Dicas

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O HORROR TEM EXPLICAÇÃO



Quando se fala da 2ª Guerra Mundial, no cinema, na TV, nos jornais e nas revistas em quadrinhos, vem a tona o clássico museu de horrores. A escola não tem como escapar e, levada pela onda, veicula também frente a atônitos jovens a visão Boris Karloff da História. Eis como ela se resume: 1 350 000 toneladas de bombas despejadas, a maior parte sobre populações civis; 55 milhões de mortos; dezenas de cidades históricas reduzidas a pó com seus tesouros milenares; campos de extermínio e tortura; experiências científicas sádicas com porquinhos-da-índia humanos. Por toda parte fome e devastação, hordas de refugiados trêmulos, feridos e aleijados arrastando-se como espectros em busca de um inexistente abrigo.
A exibição desse painel, nas décadas de 50 e 60, incendiou e feriu a imaginação dos atuais quarentões. E, quando pedíamos uma explicação, a que nos davam era ainda mais absurda e sinistra: tudo isso fora por nada, só porque um pintor fracassado, com a cuca cheia de cerveja e frases de Nietzsche resolvera dominar o mundo. Graças a Deus, fora detido em tempo pela cruzada mundial das democracias (em cujas fileiras se incluíam Stalin e o nosso fascismo doméstico!). E o Bem, encarnado na forma de duas bombas atômicas, conseguira finalmente vencer o Mal.
Mas o professor secundário, que afinal é um educador e não um encenador de história de Drácula, bem pode deixar para a TV e os filmes essa versão: inspirada em louváveis propósitos de propaganda antinazista, ela tem efeitos letais sobre a inteligência juvenil, que, ao ver fatos grandiosos e horrendos boiando no vácuo da mais inexplicável gratuidade, não pode deixar de concluir que o mundo dos adultos é, em si mesmo, tão doido quanto o sonho nazista de dominá-lo. Qualquer primeiranista de Psicologia conhece o efeito hipnótico e fascinante do horror exibido sem explicação. E qualquer educador que tenha dois grãos de sensatez poderá, numa aula sobre 2ª Guerra Mundial, obter um resultado melhor do que levar involuntariamente os alunos à convicção de que Hitler, afinal, como o próprio Drácula, talvez tivesse lá seus encantos. Aliás, ele não bebia nem fumava e era vegetariano, o que o torna ainda mais simpático a certas mentalidades.
Mas como fazer? Como encontrar, sob o aranhol de maldades e loucuras, o fio sutilíssimo de alguma razão de ser, que, sem desculpar o crime moral, atenue ao menos a impressão de absurdidade lógica do que fizeram os alemães? Quem nos dá a Hitler em revistapista é um outro alemão, o historiador e economista Max Weber (um dos mentores da República liberal de Weimar, destruída pelo nazistas). Diante da confusão dos fatos históricos, dizia Weber, é preciso buscar a intenção que os homens tinham e o significado que, certo ou errado, atribuíam ao que faziam. Aí até um Hitler pode aparecer reduzido a proporções humanas e compreensíveis (loco si, pero no tonto, como diria Cervantes) e despido da aura satânica que, numa época de rebelião generalizada contra a divindade, só faz dignificá-lo.
Que é que Hitler queria? Após cinco décadas de pesquisas, seus planos são hoje bem conhecidos. Hitler havia estudado História - o bastante para conhecer as advertências que, desde o século passado, anunciavam o fim próximo do domínio europeu e a emergência de novos poderes. "Durante os anos intermediários do século 19", afirma o historiador britânico Geoffrey Barraclough, "escritor após escritor predissera a decadência da Europa e a ascensão da Rússia e dos Estados Unidos como as duas grandes potências mundiais." A expansão industrial desses dois países, de 1890 a 1914, ultrapassou a de seus rivais europeus, parecendo confirmar a previsão, a qual, em 1918, com o sucesso do livro de Oswald Spengler, A Decadência do Ocidente (que teve entre seus assustadíssimos leitores o jovem Adolf Hitler), saiu do círculo dos estudiosos para tornar-se lugar-comum e alimentar o debate político.

APENAS UM PASSO
O rumo das coisas logo após a 1ª Guerra atenuou temporariamente os temores europeus. De um lado, os EUA, ressentidos com o rechaço das propostas do presidente Woodrow Wilson na Conferência das Nações, Culto a Hitlerhaviam-se fechado no isolacionismo. De outro lado, a nova Rússia soviética, atrapalhada com seus problemas internos, mandara às urtigas o plano trotskista de revolução mundial e fora lavar sua roupa suja em casa, sob o lema do "socialismo num só país". Em suma: a águia americana fora chocar seus ovinhos, e o urso moscovita entrara em hibernação. A subida dos novos poderes fora interrompida em pleno ar, e o leão europeu parecia novamente ocupar o palco sozinho.
Mas era só aparência. Afinal, o alegado isolacionismo não adormecera os planos norte-americanos de expansão no Extremo Oriente (foi justamente por mexerem demais nesse vespeiro que os americanos estouraram a paciência japonesa), e de outro lado o socialismo "num só país" não diminuíra em nada a agitação comunista nos demais países. Em parte alguma o caráter provisório da situação européia era mais visível do que na Alemanha. Os alemães puderam sentir o peso do poderio americano em tempo de paz quando tiveram de depender de banqueiros de Nova York para pagar indenizações de guerra aos franceses. Por outro lado, a esquerda alemã estava tão forte que conseguira, com uma greve geral, deter um golpe militar e promovera insurreições armadas em Hamburgo e na Saxe-Turíngia. Diante disso, alguns (entre os quais Hitler, que acabara de entrar na política) entenderam que os ovos da águia acabariam produzindo águias e que o urso estava dormindo com um olho aberto.
Daí ao projeto de um novo império europeu que se levantasse como um Sansão entre as duas colunas para derrubá-las era apenas um passo. Mas quem o daria? No fundo, a idéia estava na cabeça de muita gente - que de nazista não poderia ter nada, mas, tendo sido educada em princípios e valores europeus, temia que com o fim da Europa o mundo fosse deixado à mercê da tecnocracia americana e da violência comunista, pondo fim a uma era de liberdade, cultura e humanismo. O que essa gente não via era que a liberdade, a cultura e o humanismo tinham sido só para os europeus e se fundavam na opressão dos povos coloniais (que depois da 2.' Guerra acabariam pondo suas esperanças na tecnocracia ou no comunismo). Também não via que a mesma disputa de interesses coloniais encerrava cada potência européia num exclusivismo nacionalista, fazendo com que a idéia da unidade européia, tão ardorosamente defendida no papel (entre outros, por Winston Churchill), tivesse de se contentar com as lisonjas e acabar sem nenhuma tradução na prática. Desprezada pelos poderes, a idéia ficou solteira, até que veio um aventureiro - Adolf Hitler - e dela lançou mão, dando como dote à noiva raptada o corpo e a força agente de um organizadíssimo movimento de massas. E tão providenciai parecia ela que mesmo assim germanizada - vale dizer: posta a serviço de um exclusivismo nacional entre outros - conquistou multidões de adeptos em toda a Europa, e não só na Alemanha.
Não há por que evitar os fatos deprimentes. Às vésperas da invasão da Renânia (1933), o nazismo ainda era visto com simpatia por boa parte dos franceses. Os ingleses que achavam Hitler a very kind gentleman não moveram um palito em defesa dos interesses franceses na Renânia, e somente palitos simbólicos em defesa da Polônia (invadida emPasseio? 1º de setembro de 1939, começo "oficial" da guerra). "Nada mais ilusório", diz Samuel S. Salinas - um dos poucos historiadores brasileiros atualmente dedicados à 2ª Guerra Mundial -, "do que imaginar que o mundo se levantou em peso numa grande cruzada contra o nazismo. Quando Hitler pôs as manguinhas de fora, o máximo que todos fizeram foi tentar apaziguá-lo com ofertas de colônias na África e na Ásia."
Por quê? Eram todos nazistas? Não. Eram europeus, e não tinham vontade de reagir pela violência porque a Alemanha, país europeu com um discurso europeu, não lhes parecia o perigo maior. Foi assim que Hitler - escorado, doutro lado, no pacto de não-agressão que firmara com Stalin - pôde ocupar a Áustria, a Tchecoslováquia, a Polônia sem maiores problemas, e finalmente tomar em quinze dias (por telefone, ironiza Salinas) uma França onde a direita não pretendia hostilizar o suposto líder do europeismo anticomunista e a esquerda não queria votar verbas militares para não fortalecer o "Estado burguês" nem desagradar a Stalin, que andava de namoro com Hitler. (Quando depois Stalin mudou de política e o premier Lavai lhe perguntou o que fazer com os antimilitaristas franceses, Stalin respondeu: Enforque-os.) Em suma: ao apropriar-se da idéia da unidade européia, Hitler lisonjeou e confundiu milhões de europeus, que se transformaram, assim, involuntariamente, em cúmplices dele contra seus próprios países, ao menos por omissão.
A coisa mais estranha foi que ele não enganou só aos outros mas também a si mesmo, pois nunca pareceu enxergar a menor contradição entre ser o apóstolo da unidade européia e, ao mesmo tempo, um nacionalista alemão fanático. Com a mesma naturalidade ele visitava reverentemente o túmulo de Napoleão Bonaparte, de quem se imaginava um sucessor, e pregava a subjugação das "raças inferiores", das quais emergira o general francês. Os melhores biógrafos - Shirer, Fest, Toland - deixam claro que Hitler acreditava de fato em ambas as coisas. Essa contradição acabou por se refletir na condução da política e da guerra, levando ao desastre o plano do Grande Império.
Para compreender o plano total de Hitler, é preciso colocar num mapa a totalidade dos territórios onde ele pretendia estender o domínio ou pelo menos a influência alemã: o mundo que Hitler inventou. Se compararmos esse traçado imaginário com um mapa de como o mundo ficou realmente depois da 2ª Guerra, compreenderemos, ao mesmo tempo, por que a guerra se travou e em que ela determinou o curso da História nos anos subsequentes.
O mapa mostra:
1. As zonas efetivamente ocupadas pelas armas alemãs.
2. As zonas pretendidas por Hitler.
3. As zonas coloniais pertencentes aos países europeus que Hitler invadiu, as quais, assim, entravam na órbita de influência alemã.
4. As zonas coloniais pertencentes a países aliados da Alemanha (Itália, Japão) e a países oficialmente neutros, mas colocados sob a órbita de influência alemã (Espanha, Portugal).
5. As zonas pretendidas é ocupadas pelo Japão.
Somem tudo e verão que Hitler de fato desejava tirar a Europa da condição de território espremido entre dois gigantes emergentes (URSS e EUA). Sua pretensão era suprimir a URSS e deixar o mundo dividido em apenas dois blocos: Europa, de um lado (abrangendo os Impérios Britânico e Alemão, e sustentada a Oriente pelo Japão), e, de outro, os Estados Unidos.
Última fotoSegundo Salinas, houve uma diferença fundamental entre a 2ª Guerra e as anteriores guerras européias: estas tinham sido em geral pela posse de territórios coloniais, ao passo que a 2ª Guerra foi essencialmente intra-européia. Hitler não se interessava por colônias na Ásia e na África (mesmo porque era mais fácil dominar diretamente as metrópoles, como de fato ele fez). A região cobiçada pela Alemanha era somente a do Leste europeu (sobretudo a Ucrânia), onde se encontravam os minérios de que o país necessitava para alimentar sua potente indústria siderúrgica. Mussolini, que, aliás, foi mais um instrumento do que um aliado, ainda tinha na cabeça uma idéia antiquada de guerra colonial ao velho estilo, e nunca atinou bem com a novidade da situação, mas Hitler inventou um novo tipo de imperialismo, mais "científico" e calculado. Não foi à toa, afinal, que ele recebeu, através de seu companheiro Hess, as lições de um dos principais fundadores da geopolítica, o Coronel Karl Haushofer, figura de gênio sinistro e misterioso.
O novo tipo de guerra também tinha de ser rápido, porque a Alemanha precisava vencer a corrida contra o tempo e deter a expansão industrial dos adversários. Por isso Hitler inventou o conceito de guerra total, que envolvia toda a população civil no esforço militar e dispensava, no campo de batalha, a obediência às velhas regras da ética militar. Esta foi uma das causas de sua derrota, porque os russos revidaram na mesma linguagem. Na batalha de Stalingrado, por exemplo, romperam a velha regra que mandava um exército render-se tão logo cercado: após a "vitória técnica" obtida pelos alemães, os russos continuaram combatendo até a vitória final. A resistência russa foi decisiva para a derrota de Hitler: nada menos de 70 por cento dos efetivos alemães combatiam na frente russa, e foi lá que o novo estilo de guerra, levado às últimas conseqüências, se voltou contra seu inventor.

O EFEITO CONTRÁRIO
Sepultado o Reich, a História seguiu seu curso:
1. O Império Britânico poderia ter saído ileso num mundo dominado por Hitler (certamente esta consideração pesou muito na demora dos ingleses em mexer-se contra o invasor da Polônia e da França), mas saiu estilhaçado da guerra e não pôde sobreviver no novo mundo criado pela divisão de poder entre URSS e EUA. Exatamente como Hitler havia previsto.
2. A União Soviética, que Hitler pretendia subjugar inteiramente, acabou sendo a grande vencedora da 2." Guerra, pois não só estendeu consideravelmente seus territórios como conseguiu, com a vitória, disseminar por toda parte a influência da ideologia comunista.
Sem ampliação3. Os Estados Unidos consolidaram sua posição dominante na América Latina (onde até a guerra havia muitos governos simpáticos ao nazismo, e portanto potencialmente hostis aos americanos) e assentaram suas bases em muitos pontos do Extremo Oriente, que cobiçavam desde o século passado.
4. Os Estados Unidos tornaram-se a influência dominante na Europa Ocidental (doravante uma indefesa ovelhinha ao lado do urso soviético) e nas áreas coloniais antigamente pertencentes ao Império Britânico.
5. Com a queda do Império Britânico e o enfraquecimento das demais potências coloniais - que invadidas por Hitler se tornaram dependentes dos Estados Unidos, após o término da Guerra -, a quase totalidade dos territórios coloniais se transformou em nações novas independentes, algumas neutras, algumas comunistas, algumas pró-americanas.
Enfim: o resultado que Hitler obteve foi exatamente o oposto do pretendido. Na verdade o que ele fez foi despertar o urso e irritar a águia, que se juntaram e comeram o leão europeu. O projeto do Grande Império terminou por liquidar o poder da velha Europa e instaurar os EUA e a URSS como potências dominantes - do que surgiria depois uma nova disputa que veio a ser denominada "Guerra Fria".
As causas do fracasso de Hitler foram muitas e complexas. O que é seguro é que, entre elas, esteve a contradição entre europeismo e nacionalismo. O sucesso internacional de Hitler, no começo, se deveu ao caráter oportuno de seu diagnóstico quanto à situação européia, a longo prazo. Porém, a solução que ele propôs - o Reich alemão - não fez senão tentar comprimir um problema de escala européia nas dimensões estreitas do interesse nacional alemão. Não é de espantar que, nessas condições, o nacionalismo alemão tenha se radicalizado ao ponto do fanatismo e da demência racista, tornando-se tanto mais extremado e feroz quanto menos adequado ao objetivo mais geral de promover a unidade européia. Sem dúvida houve muitos outros fatores, mas este não pode ser esquecido.

Olavo de Carvalho
Consultor: Samuel S. Salinas, historiador.

O Eixo e os AliadosA guerra em classe
A guerra é a continuação da política por outros meios. A frase é do general prussiano Karl von Clausewitz
(1780-1831), considerado um dos maiores gênios militares que o mundo já produziu.
Em seu livro, Sobre a guerra - até hoje matéria obrigatória nas academias militares -, Clausewitz aconselha que o comando supremo das forças armadas durante os conflitos militares deve ficar nas mãos dos políticos, e não dos generais, já que as guerras são apenas momentos das relações políticas entre os Estados.
Essas reflexões do velho prussiano podem desagradar a alguns generais modernos, que não fazem guerras mas volta e meia querem transformar o Estado numa grande caserna. Mas são um bom fio condutor para trabalhar em classe o tema das guerras mundiais, conflitos armados contemporâneos, como os do Oriente Médio, ou ainda os grandes lances diplomáticos da atualidade, como a política de desarmamento nuclear proposta por Gorbachev e a unificação econômica da Europa.
Nas discussões sobre a 2ª Guerra Mundial, a historiadora Déa Fenelon, autora de A guerra fria (Brasiliense, coleção Tudo é História), sugere que se procurem as contradições entre o discurso nacionalista alemão e os interesses internacionais e colonialistas em jogo. O país do fuhrer realizou tardiamente sua revolução industrial e chegou atrasado às fontes de matéria-prima e aos mercados internacionais, encontrando-os já loteados entre as potências econômicas da época. Daí a importância da doutrina da "conquista do espaço vital" e o papel do Estado no desenvolvimento do capitalismo alemão. A guerra, segundo a historiadora, é o resultado de interesses contraditórios e até excludentes das diferentes burguesias nacionais, gerados pela acumulação capitalista.
Da unificação européia pretendida por Hitler até os "Estados Unidos da Europa" sonhados por Churchill (que começará a tomar forma em 1992) são mais de 50 anos de relações internacionais oscilando entre as armas (os "outros meios" referidos por Clausewitz) e as mesas de negociações. Nesse período, a divisão política do mundo mudou. Com a redivisão da Europa e a descolonização da Ásia e da África - subprodutos da 2ª Guerra -, impérios desabaram e novos países surgiram. O mapa-múndi dos atuais estrategistas da unificação européia é diferente do utilizado pelos estados-maiores das tropas do Eixo e dos Aliados.
As mudanças desse período oferecem vários pratos cheios para o trabalho em classe. O primeiro deles pode ser o levantamento dos principais fatos políticos do período e as causas das mudanças no mapa-múndi. Devem-se destacar os interesses econômicos em jogo, o momento em que a diplomacia é substituída pelas armas (e vice-versa), como também o novo alinhamento dos países. No pós-guerra, o avanço do socialismo em vários pontos do mundo gerou tensões entre os dois grandes vencedores, Estados Unidos e União Soviética, e o planeta foi dividido em "áreas de influência" das superpotências.

MUDANÇAS ECONÔMICAS
O mapa do Brasil, por exemplo, não mudou, mas sim sua economia e relações internacionais. Antes de 1940, as grandes empresas internacionais importavam matéria-prima brasileira e vendiam aqui seus produtos industrializados. Após a guerra, passaram a atuar diretamente no mercado interno. São a Ford do Brasil, a General Eletric do Brasil, Nestlé do Brasil e tantas outras empresas "do Brasil" que marcam a presença das multinacionais.
O levantamento da participação dessas empresas na economia, feito pelos alunos em supermercados, lojas de eletrodomésticos, concessionárias de automóveis, publicidade na imprensa ou revistas de indicadores econômicos (como Visão, Exame, Dados e idéias), pode ser um bom começo para estudar as mudanças econômicas no país, o conceito de imperialismo e a nova face que ele assume no pós-guerra.
Os regimes políticos O geógrafo Douglas Santos, autor do livro didático Geografia - o espaço mundial (Atual), diz que é importante perceber que, após a guerra, o imperialismo capitaneado pelo Estado cede lugar definitivamente à ação direta das empresas, cujos capitais, muitas vezes, têm origem em diferentes países. A busca do vínculo entre a expansão das multinacionais, o processo de descolonização e a internacionalização do mercado interno dos países subdesenvolvidos é fundamental para entender a lógica das relações internacionais e as contradições econômicas do Brasil.
Para trabalhar esses fatos em sala de aula os livros didáticos contribuem pouco. Podem servir para construir os quadros cronológicos do período, mas em geral têm análises superficiais das causas dos conflitos. Déa Fenelon sugere que, para traçar um quadro do cotidiano do entreguerras, se utilize a literatura - obras de Ernest Hemingway, Eugene O'Neill, Érico Veríssimo - ou o cinema de Fritz Lang. Mas até séries de televisão, como Combate, podem servir para a análise de como a guerra é "vendida" para o público.
Para os fatos mais atuais, a classe poderá montar seu próprio arquivo de recortes, reunindo e organizando por temas as notícias parciais que cotidianamente são publicadas na imprensa. Para analisar o projeto de unificação da Europa em 1992, por exemplo, é importante recolher as expectativas e os preparativos dos diferentes países da Comunidade Econômica Européia, suas resistências à proposta e também as posições dos E U A e da URSS
A perestroika e a política de desarmamento de Gorbachev também podem suscitar estimulantes discussões em classe. Um ponto central para o debate é a questão dos destinos do socialismo. Os soviéticos desistiram dele ou apenas procuram um caminho para a modernização?

do filme "Stalingrado"

VÍDEOS

67 Dias
(67 Days, 79, ING) Dir.: Zika Mitrovic. Com: Boris Buzancic, Barbara Eden, Arthur O'Connell, John Ericsson.

Adeus, Meninos (Au Revoir les Enfants, 87, FRA/ALE) Dir.: Louis Malle. Com: Gaspard Manesse, Raphael Feijto, Francine Racette, Stanislas Carre de Melberg, Philippe Morier-Genoud.

Arquitetura da Destruição (Architecture of Doom, The, 94, ALE) Dir.: Peter Cohen. Documentário.

Cidade Sem Passado, Uma (Schreckliche Mädchen, Das, 89, ALE) Dir.: Michael Verhoeven. Com: Lena Stolze, Monika Baungarter, Michael Carr, Fred Stillkraut, Elisabeth Bertram, Michael Guillaume.

Dia de Outubro, Um (Day in October, A, 90, DIN) Dir.: Kenneth Madsen. Com: D.B. Sweeney, Kelly Wolf, Daniel Benzali, Tovah Feldshuh, Ole Lemmeke.

Eleni (idem, 85, EUA) Dir.: Peter Yates. Com: Kate Nelligan, John Malkovich, Linda Hunt, Glenne Headly.

Filhos da Guerra (Europa, Europa, 91, ALE/FRA) Dir.: Agnieszka Holland. Com: Marco Hofschneider, Juliu Delpy, Andre Wilms, Ashley Wanninger, Hanns Zischler, René Hofschneider, Piotr Kozlowski.

Libertação 8 de Maio 9:00 1945 (Liberation 1945, 94, ALE) Dir.: Arnold Schwartzman. Documentário.

Lista de Schindler, A (Schindler's List, 93, EUA) Dir.: Steven Spielberg. Com: Liam Neesom, Ben Kingsley, Ralph Fiennes, Caroline Goodall, Jonathan Sagalle, Embeth Davidtz.

Noite de São Lourenço, A (Notte di San Lorenzo, La, 82, ITA) Dir.: Paolo e Vittorio Taviani. Com: Omero Antonutti, Margarita Lozano.

Roma, Cidade Aberta (Roma, Città Aperta, 46, ITA) Dir.: Roberto Rosselini. Com: Aldo Fabrizi, Anna Magnani, Marcello Pagliero, Maria Michi, Nando Bruno.

Sessão Especial de Justiça (Section Speciale, 74, FRA) Dir.: Costa-Gavras. Com: Louis Seigner, Michael Lonsdale, Ivo Garrini, François Maistre, Jacques Spiesser, Henri Serre, Heinz Bennent, Hans Richter.

Stalingrado (Stalingrad, 92, ALE) Dir.: Joseph Vilsmaier. Com: Dominique Horwitz, Thomas Kretschmann, Jochen Nickel, Sebastian Rudolph, Dana Vavrova.

Vá e Veja (Idi i Smotrí, 84, URS) Dir.: Elem Klimov. Com: Alexey Krávchenko, Olga Mirónova.

Rádio Auriverde (91) Dir. Sylvio Back. Documentário sobre o Brasil na II Guerra.

LIVROS

Berlim no Tempo de Hitler
, Jean Marabini. Cia. das Letras, 1989 (Col. A Vida Cotidiana)

Eichmann em Jerusalém: Um Relato Sobre a Banalidade do Mal,
Hanna Arendt. Diagrama&Texto, 1983

Nazismo: O Triunfo da Vontadel, Alcir Lenharo. Ática (Série Princípios)

A Segunda Guerra Mundial, Marco Chiaretti. Ática (Série História em Movimento)

A Segunda Guerra Mundial: O Planeta em Chamas,
Jayme Brener. Ática (Série
Retrospectiva do Século XX)

TEXTOS

O Sentido Histórico da Segunda Guerra Mundial de Osvaldo Coggiola


Fonte: Clio História

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